sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Meus dous centavos sobre a refórma ortigráfica

Monteiro Lobato já dispensava a acentuação desnecessária na época das côres e dos sonêtos: é dever do literato e do brasileiro a frente de seu tempo não se ater a pequenos detalhes menos relevantes da língua para vê-la como um todo. Sendo assim, você deveria se envergonhar, leitor. Você, você e você bem aí no canto simplesmnte renderam-se a mais uma convenção de seu tempo, você que já não possui a mente aberta, já perdeu o frescor e não acompanha a mobilidade do mundo; a mente do leitor deixou-se envelhecer. Lamente, portanto.

E também, abra as garrafas e pegue as taças no armário, welcome to the club. Onde ninguém se refere a coisas "randômicas" em vez de simplesmente aleatórias - nada contra estrangeirismos, mas, ainda assim, não. E não só quanto às palavras: não é de hoje que olho desconfiada para pianos elétricos, ou pior, violinos, elétricos, feios, feios. Vamos estudar a grafia da época de Machado de Assis, tão chic. Quem escreve conforme as regras atuais, Paulo Coelho? Jô Soares? Pfiu.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Primeiro desenho do ano


Feito com sono, lápis de cor e caneta Bic, o material dos sonhos. Reza a lenda que Fernanda Guedes faz imagens como esta - hiperlink aqui pra não ofuscar o meu parco trabalho - usando apenas as canetinhas Bic ultrafine. Aliás, se alguém quiser me comprar o calendário 2009 feito por ela, aceitarei de bom grado.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

sábado, 20 de dezembro de 2008

Prólogo de 2001 - Uma Odisséia no Espaço

Cada homem vivo transporta o peso de trinta fantasmas, pois é nesta proporção que o número dos mortos excede o dos vivos. Desde o início dos tempos, cerca de cem bilhões de seres humanos caminharam sobre o planeta Terra. Ora, este é um número interessante, pois, por coincidência, há aproximadamente cem bilhões de estrelas no nosso universo, a Via Láctea. Portanto, por cada homem que alguma vez viveu, brilha uma estrela neste Universo. Mas cada uma dessas estrelas é um sol, frequentemente muito mais brilhante e glorioso que a pequena estrela a que chamamos o Sol. E muitos - talvez a maioria - desses sois, têm planetas girando à sua volta. Portanto, há com certeza território suficiente no céu para que cada membro da raça humana, desde o primeiro homem-macaco, tenha o seu céu - ou inferno - privado, do tamanho de um mundo.
Quantos desses potenciais céus ou infernos são habitados, e por que tipo de criaturas, é coisa que não podemos saber; o mais próximo fica um milhão de vezes mais longe que Marte ou Vênus, esses objetivos, ainda remotos, da próxima geração. Mas as barreiras da distância vão-se esboroando; um dia, encontraremos os nossos iguais, ou os nossos senhores, entre as estrelas.
Os homens não têm sido muito lestos a encarar esta perspectiva; alguns ainda esperam que ela nunca se torne realidade. Cada vez mais gente, no entanto, pergunta: «Por que razão não ocorreram já tais encontros, se nós próprios estamos prestes a aventurar-nos no espaço?»
E por que não? Este livro é uma resposta possível a pergunta tão razoável. Mas não se esqueçam: esta é apenas uma obra de ficção. A verdade, como sempre, será muito mais estranha.
A. C. C.

domingo, 23 de novembro de 2008

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Mais um motivo para ser vegetariano

Ou: Sobre a necessidade de crença e a falta dela

Porque as fórmulas para viver, educar os filhos, ganhar dinheiro, fazer amigos e ser sucesso na balada sugerem, afinal, uma crença a adotar (e mostram como adotá-la em 36 passos simples); algo em que basear sua existência, não passam de variações da religião com tantos fiéis quanto. Para que todos possam morrer e fazer alguma coisa, em vez de simplesmente terminar debaixo da terra. Porque a alma é imortal.

É claro que você pode ganhar um dinheiro vendendo a sua pro Milhouse. Mas eu tenho uma teoria - aliás, tenho-as aos montes -, a seguinte: alma, ou personalidade, ou qualquer conceito assim é como uma massa genérica, que é moldada pela vida. Vá, digamos. Existe uma espécie de simulador (teoria, teoria) de vida, meio assim Matrix ou algo, especialmente focado pra uma pessoa só. Na verdade, não é de grande importância o conjunto de pormenores e situações determinadas da primeira vez. Digamos, PESSOA 1 nasce e entra em sua nova vida. Bem, desde o útero, contando o índice exato de oxigenação no cérebro e tudo o mais; PESSOA 1 vive e morre, mas teve sua vida "gravada" no simulador. E dele foi clonada a PESSOA 2, que é então inserida na vida de PESSOA 1, desde o começo. Então é tudo exatamente igual. Ambos são a mesma pessoa vivendo a mesmo vida. Eles são iguais? Ou em algum ponto da história algo que PESSOA 2 fizesse sairia do roteiro da PESSOA 1 (isso poderia até mesmo acontecer bem cedo)? Serão minhas perguntas respondidas?

Mas não era sobre isso que queria escrever. Não se nega a verdadeira natureza humana. Todas as pessoas sonham à noite. Todas elas precisam de algo que as faça levantar de manhã. Todas pensam na mesma pergunta "quem somos", aquela história; todos pensam num meaning of life de uma maneira ou de outra, mesmo quem não é criado em condições de pensar e não tem tempo para tal. O homem de Vidas Secas, organizando as trinta palavras do seu vocabulário e franzindo o cenho buscando compreender a filosofia do sertão e o calor, lutando pra expressar seus sentimentos, Fabiano pensa sobre a vida.

Assim, todo mundo precisa de algo pra acreditar e ponto. E acaba por se limitar ao seu modo: se voce não vive assolado pela culpa cristã, cria a tua própria, child. Senão voce vira a Amy Winehouse em crise existêncial. Agora a parte que diz respeito a mim, e claro que é uma coisa boba, mas eu acabo acatando a idéia de comer menos carne e ser vegetariana, não por pena dos animaizinhos. Agora você já pode dizer que não come carne por razões que dão sentido de ordem à sua vida. Damn yeah.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Segundas-feiras musicais

Ainda me surpreeendo ao encontrar por aí pessoas "comuns" - que conheço pessoalmente, são quase como uma classe diferente da gente de internet, onde todos são extrovertidos, inteligentes e incrivelmente sexy - ouvindo o mesmo tipo de coisa que eu ouço. É perceptível como por aqui gente com a mesma faixa etária tende a viver ao sabor da rádio da moda quando o assunto é música, quando há um show (?) de bandas (?) como, por exemplo, that lovely Babado Novo, as pessoas perguntavam por aí se você iria ao tal show, e, em caso de resposta negativa, deduziam que você infelizmente estaria ocupado ou sem dinheiro no dia e apenas então perguntavam se você é o tipo de pessoa que opta pela "coluna D" e não gosta de Babado Novo.
Ainda sobre esse tipo de show, não é realmente relevante gostar de um artista. Não se tem curiosidade em geral de procurar por músicas ou grupos, sendo por consequência muito mais fácil para os empresários por trás de rádios, dos monopólios da mídia, MTV e toda essa gente do mal divulgar seus artistas, que encontram terreno fértil por aqui. Claro que este texto não vale para os indies, que já sabem muito bem disso.
A palavra que procuro não é fanatismo, mas um nível de interesse maior - enfim, eu incentivo gente a procurar por músicas menos acessíveis na mídia e procurar saber sobre aquele artista caso o ache legal. O contrário do que vejo por aqui. Moral da história: jovens de Sorocaba vão ao show da Ivete para "ficar" (oh no, escrevi) e não para ver a Ivete, etc etc etc. Vamos ao meu ponto.

Acho legal ver gente por aí escutando um tipo de música diferente da que está em alta na mídia, e ainda mais quando meu gosto é compatível ao dessas pessoas. Uma garota da classe ouvia a uma música da Regina Spektor no celular, feita para a trilha das Crônicas de Nárnia, porque adora o filme. A música em questão tem um aspecto mais comercial do que as outras da cantora por esse motivo, mas ainda é encantadora. "The Call" interpretada por outro artista qualquer seria completamente ordinária, por isso considero a Srta. Spektor uma fada.

The Call (Narnia Soundtrack).MP3 - Regina Spektor
 
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